Hallita Avelar
O volume de vendas de imóveis na Grande João Pessoa ultrapassou a marca de R$ 1,084 bilhão nos oito primeiros meses deste ano, mas o crescimento na comparação com o ano passado segue baixo (3,63%). De acordo com estudo do Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP), consolidado pelo tecnólogo em negócios imobiliários Fábio Henriques, no ano passado, os meses de janeiro a agosto registraram um crescimento no faturamento de 14,85% (R$ 1,046 bilhão) na comparação com 2010.
O número de unidades vendidas no acumulado de 2012 registrou alta também bastante discreta (2,32%). Os dados mostram que foram comercializados 3,926 mil imóveis contra 3,837 mil de janeiro a agosto de 2011. O presidente eleito do Sinduscon-JP, Fábio Sinval, avalia os números com naturalidade, afirmando ser esperada a desaceleração das vendas, uma vez que a economia do país também está caminhando com mais calma. “Houve uma grande euforia na construção civil nos últimos cinco ou seis anos devido ao aumento da oferta de crédito, pois os bancos começaram trabalhar com esse tipo de financiamento. O que está acontecendo é apenas uma volta à normalidade”, opinou.
Além disso, o empresário considera a inadimplência, que segue com índices preocupantes na cidade, como outro fator que vem atrapalhando as vendas neste ano. “Essa oferta de crédito se deu em todos os segmentos. Isso, somado à redução das taxas de juros, estimulou a população a comprar. Quem não soube se planejar acabou caindo no endividamento”, comentou.
Ainda de acordo com a pesquisa, houve uma forte desaceleração na taxa de velocidade de vendas, calculada neste ano em 7,6%. O indicador, que calcula o número total de vendas com relação aos estoques disponíveis nas construtoras, foi de 8,67% em 2011, havendo aí uma queda de 12,74% entre os dois anos.
O corretor Fábio Henriques, por sua vez, destaca a ocorrência das eleições municipais como um grande entrave para o mercado imobiliário durante todo o ano de 2012. “Estamos em período político, o que faz muitos funcionários públicos diminuírem os gastos por receio de perder o emprego em breve.
Até os próprios projetos de novos empreendimentos, que dependem de uma liberação da prefeitura para serem colocados à venda, estão tendo de esperar uma definição, que só deve sair após o segundo turno”, avaliou, apontando Tambaú como o bairro com o metro quadrado mais caro de João Pessoa.
Ele, no entanto, não vê a inadimplência como um problema, uma vez que é baixo o número de desistências em meio aos processos de compra. “Houve uma melhoria da renda dos pessoenses e muitas empresas de fora estão vindo se instalar aqui, o que traz dinheiro para a população e movimenta as vendas, já que os funcionários que se mudam para cá também gastam com moradia”, concluiu.
“Os próximos meses não devem decepcionar. Novembro promete ser ótimo para o setor, por ser logo depois da votação, assim como janeiro e agosto, em virtude das férias e do aumento do número de turistas na cidade”, acrescentou o presidente do Sinduscon-JP, Fábio Sinval.
Para o empresário da construção civil Waldemir Lopes, o decréscimo das vendas evidenciado pelo estudo ficou dentro de uma variação aceitável. “Já esperávamos que essa acomodação aconteceria mais cedo ou mais tarde. Esse esfriamento também ocorreu na minha empresa, mas dentro de uma margem normal.
Imagino que o mercado deve se manter neste patamar a partir de agora”, finalizou o empresário.
Fonte: Jornal da Paraíba