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Creci vê uma ‘explosão’ da demanda

Álisson Arruda

O Conselho Regional de Corretores de Imóveis na Paraíba (Creci-PB) avaliou que houve um crescimento acima do esperado que resultou num encarecimento instantâneo dos imóveis sob a influência direta do programa de habitação Minha Casa, Minha Vida. O presidente da entidade, Jarbas Araújo Pessoa, disse que o mais surpreendente foi a elevação nos preços dos lotes, pois foi generalizado. Independente do bairro da Capital, passa de 250%.

“O plano aqueceu fortemente o mercado da construção civil. A cadeia produtiva teve que operar neste período a todo vapor, ou seja, a 1000% da sua demanda, caracterizando assim uma explosão urgente das demandas de área de terrenos, cuja valorização encareceu de imediato as construções”, afirmou o presidente em exercício do Creci-PB.

Segundo ele, na Capital, além da Zona Sul, como Bancários e Geisel, a valorização foi acima da média também nos bairros do Altiplano, Cabo Branco, Tambaú, Tambauzinho e Bairro dos Estados. Ele aponta que os motivos para esse fenômeno também são o alto déficit habitacional, a abertura e flexibilidade dos agentes financeiros e ainda a legalização de alvarás de construção de grandes empreendimentos em bairros como o Altiplano. Jarbas acredita que, mesmo com a valorização, há certa estabilidade de preços que deve manter o aquecimento das vendas.

“Não acredito em hipótese nenhuma que haja esgotamento do setor mercadológico em relação aos imóveis. Quanto aos preços, não atingiram a sua curva de alta máxima. A Paraíba nesta discussão nacional tende a trilhar fronteiras positivas. O imóvel é mercado e o nosso vai ficar mais fortalecido em virtude de acontecimento nacionais como a Copa do Mundo e Olimpíadas. Além do mais, nossa João Pessoa desfruta de clima favorável, com 134 quilômetros de excelentes praias, sol o ano inteiro”, alegou.

O presidente em exercício do Creci-PB avaliou que o setor imobiliário permanece como um bom investimento e que o aquecimento do crédito concedido pelo Governo Federal poderá acontecer por um período maior caso não haja aumento nas taxas de juros e incremento de políticas do poder aquisitivo da população.

Falsa sensação de lucro

A estudante Caroline de Lima Alexandre contou que comprou um apartamento nos Bancários há seis anos por R$ 62 mil e há dois anos vendeu por R$ 140 mil. Depois disso, ela comprou outro imóvel por R$ 130 e disse que a avaliação já é de R$ 200 mil. A estudante disse que se surpreendeu com a valorização, mas disse que acredita que é um erro essa grande elevação e que há uma falsa sensação de lucro.

“A gente ver o apartamento se valorizando muito e acha que vendendo vai ganhar muito dinheiro, mas se for comprar outro também vai estar muito caro. As pessoas estão com isso na cabeça de ganhar muito, mas quem vai comprar o primeiro imóvel não vai ter condições mais de comprar. Antes já tinha procura e o preço era mais baixo e agora a oferta aumentou muito ao mesmo tempo em que os preços também sobem muito”, contou Caroline.

Outra moradora do bairro que lidera a valorização na Capital e já comprovou o aumento do imóvel foi Maricler Martins de Albuquerque. Ela comprou uma casa no bairro por R$ 93 mil há três anos e o preço de mercado do imóvel já é de R$ 280 mil, um aumento de 201%. Ela disse que ainda não pretende vender, mas que se for a proposta para negociação será de R$ 300 mil.
“Aqui valoriza muito porque tem universidades, shopping, tem outro que está construindo, outras grandes empresas que estão chegando e ainda é próximo à praia”, disse.

Placas apontam atraso nas obras

As placas de vendas em imóveis já prontos revelam o atraso na comercialização. Para o corretor de imóveis Stéfani de Sousa Barbosa, que atua na orla da Capital, ainda não foi registrada essa dificuldade, mas que nos Bancários, Valentina e Geisel isso ocorre. “Basta andar pelos bairros que claramente dá para ver os empreendimentos prontos e com placas de venda. Parte disso se deve ao aumento de preço dos imóveis. Não que estejam encalhados, apenas diminuiram a velocidade das vendas”, afirmou.

Segundo ele, caso os imóveis continuem valorizando nessa velocidade, há uma grande possibilidade de ocorrer prejuízos no mercado imobiliário. No entanto, ele acredita que a demanda sempre vai existir, afastando a possibilidade de uma crise no setor. Ele contou que trabalha há quatro anos comercializando imóveis em Cabo Branco, Tambaú, Manaira, Bessa, Intermares e que, nesse período, presenciou imóveis dobrarem de valor.
“O problema é que o salário do brasileiro não aumenta no mesmo ritmo da valorização do imóvel, ou seja, o valor da carta de crédito do cliente vai ser praticamente a mesma e, com os aumentos constantes dos imóveis, a diferença da carta de crédito para o valor do imóvel, conhecida como entrada ou sinal, vai sempre aumentar”, destacou.

Sinduscon questiona dados

Os preços dos imóveis são reflexo da lei de mercado, acompanhando a alta procura, além do aumento dos custos com lotes e mão de obra, segundo o Sindicato das Indústrias da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP). Mesmo assim, a entidade alega que os imóveis da Capital são comercializados com preços de 30% a 40% mais baixos que outras capitais do Nordeste.

“Essa pesquisa (do Ipea), embora séria, é um tanto seletiva, pois se refere predominantemente a algumas cidades e regiões do Brasil, como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, que estão experimentando uma elevação atípica nos preços imobiliários devido, por exemplo, a eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Não é o caso de João Pessoa, que ainda tem os menores preços de venda do Nordeste, entre 30 e 40% menores em relação a capitais vizinhas, como Recife e Fortaleza. Eu acredito, inclusive, que mesmo naquelas capitais, já há uma tendência de estabilização dos preços, o que afasta em definitivo qualquer especulação sobre bolha”, defendeu o presidente do Sinduscon-JP, Irenaldo Quintans.

Segundo ele, terrenos e mão de obra representam mais de 50% dos custos de um empreendimento imobiliário e têm subido muito acima da inflação. Ele esclareceu que os salários dos trabalhadores do setor foram reajustados em percentuais que variaram entre 12% e 14% este ano, contra um INPC de 6,5%. Por isso, ele afirma que, se os custos sobem além da inflação, o preço de vendas também precisa acompanhar.

Para o presidente do Sinduscon-JP, a valorização imobiliária também é resultado da estabilização econômica, demanda aquecida e crédito bancário farto. Ele também aponta para uma relação direta entre o aumento dos preços e os programas de habitação de interesse social, que atende as famílias de baixa renda.
Quintans destaca que os fatores são determinantes para a lei de mercado e que é “ainda bem distantes do equilíbrio entre oferta e demanda. Há muito mais demanda do que oferta no Brasil e na Paraíba”. Mesmo assim, ele afirma que a Paraíba tem um mercado bastante tranquilo em relação ao País, com a maioria das construtoras sendo paraibana, com obras sem atraso, consumidores mais satisfeitos e muita perspectiva de crescimento.

Fonte: Correio da Paraíba

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